Igreja Matriz



A pequena e velhinha Igreja Matriz da Póvoa de Santo Adrião é bem o ex-libris desta terra. Ela está no centro histórico da Vila e dá vida ao largo Major Rosa Bastos a que alguns teimam em chamar o jardim. Não existem documentos que nos informem a data exacta da fundação desta Igreja, contudo o ano de 1546 encontra-se inscrito num fragmento de pedra tumular, que ainda se conserva no Baptistério. De 1564 é o primeiro registo referido na Torre do Tombo. Na porta lateral podemos ver a inscrição do ano de 1560, que poderá reflectir alguma obra ou melhoramento realizado.

O terramoto de 1755 terá provocado grandes estragos no edifício, facto que podemos comprovar na “Capela-Mor” que é uma reconstrução de finais do século XVIII, esta de planta rectangular e de grande alçado, muito bem iluminada por seis janelas gradeadas.

A tela da Última Ceia, pintada por Pedro Alexandrino, assinada e datada de 1802, domina todo o espaço por cima do Altar, de que agora só resta o Sacrário. Nas paredes podemos encontrar outras telas, do mesmo artista, retratando os quatro Doutores da Igreja: Santo Agostinho, Santo Ambrósio, S. Gregório e S. Jerónimo.

A implantação da República, em 1910, ditou a nacionalização de todos os edifícios religiosos, entre os quais da igreja da Póvoa de Santo Adrião, que assim deixou de ser propriedade da Igreja. Mais tarde, pelo Decreto 8252, de 10 de Junho de 1922, o Portal Manuelino, que lhe serve de entrada, foi declarado “Monumento Nacional”. Posteriormente, pelo Decreto-Lei 251/70 de 3 de Junho foi todo o conjunto arquitectónico da igreja igualmente classificado.

A igreja reabriu ao culto, tendo sido entregue à Comissão Fabriqueira, em 4 da Maio de 1932 (conf. Sistema de Informação para o Património Arquitetónico).

Para quem o olha, a partir do largo Major Rosa Bastos, o edifício forma uma massa horizontalista de volumes articulados com coberturas diferenciadas de telhados a duas águas. Tem o frontispício, virado a Sudoeste, terminando em empena, com um relógio de sol aninhado sobre o cunhal direito. No relógio a data de 1742.

Ao centro do frontespício salta à vista e domina o edifício um portal de arco conopial com flores encimado por janela alta de moldura rectangular. O portal, em calcário de liós, é rematado por florão de dois andares de cogulhos de canto. A arquivolta única é delimitada externamente por finos colunelos apoiados em bases facetadas, com pequeno florão inferior, e providos de capitéis decorados com entrançado de caules podados. Pés direitos e arco são decorados com série contínua de rosetas e flores de formas diferentes, quadrifoliadas e circulares (rosas).

À esquerda da nave, a capela de Santo António é forrada a azulejo do séc. XVII, policromo e terá sido mandada construir por Francisco da Silva Noronha, família dos Duques de Caminha e marqueses de Vila Real. O retábulo, de talha simples e dourada (pilastras jónicas, estriadas e luneta), conserva pinturas sobre madeira figurando a Anunciação e a Ascensão.

À direita encontramos o Altar das Dores – uma grande pintura em madeira representando o Calvário, sobreposta com um grande crucifixo.

Podemos encontrar dois pequenos altares na nave, com imagens de S. Sebastião e Nª Srª de Fátima, e outros dois na capela-mor, com imagens do Arcanjo S. Miguel e do orago da Igreja, Santo Adrião.

Atendendo a que todo o conjunto da Igreja Matriz apresenta problemas de degradação, com principal destaque para as infiltrações, a paróquia decidiu realizar obras de manutenção exterior das paredes com o respetivo reboco e caiação, tendo-se também procedido á reparação e substituição de algerozes e caleiras. Estas intervenções foram financiadas pela comunidade paroquial e supervisionadas pelo departamento estatal responsável pelos Monumentos Nacionais, em representação do Estado Português, proprietário do edifício.




Intervenções realizadas de que há conhecimento (segundo o IPPAR):